Na Feira do Gado, em Chaves
A programação da Feira dos Santos, de 29 de outubro a um de novembro, incluiu, entre outras atividades, uma feira de gado, à qual fui pela primeira vez.
Desloquei-me de carro porque o pavilhão onde se realiza a feira fica na zona industrial, fora da cidade, na vizinha freguesia de Santa Cruz da Trindade.
Surpreendeu-me ver tantos visitantes e negociantes de gado com bengalas, varas e aguilhadas.
A aguilhada, a vara e a bengala são símbolos de que os participantes se apropriam, como forma de aderir a uma espécie de agrupamento country em que o gado e a ruralidade são valores fundamentais.
O uso dos mesmos símbolos identifica e aproxima os participantes.
A feira do gado é um espaço social predominantemente masculino.
Impressionante o movimento de visitantes e a grandiosidade do moderno pavilhão.
Sabia que a feira do gado de Chaves era antiga; que antigamente funcionou junto ao Tâmega, no jardim do Tabulado...
Não tinha noção, porém, como afirma o Mensageiro de Bragança, que é a segunda maior feira de gado a norte do Douro, e um acontecimento de grande importância económica e social para Trás-os-Montes e Alto Douro.
No espaçoso e funcional pavilhão comercializa-se gado ovino, caprino, bovino e equídeo.
Contudo, o segmento de comercialização de cavalos e póneis é o que, de longe, atrai maior quantidade de produtores.
Pachanco. Não foi desta que foi vendido!
Chega-se a acordo?
À espera de compradores.
O pau - ganha pão do negociante de gado.
Acabaram os tempos do contrabando de gado na zona raiana
A feira, espaço de relações sociais.
Vendedor de aguilhadas satisfeito por ter vendido duas a espanhóis. Antigamente, a ponta de ferro servia para picar os bois. Hoje, as aguilhadas são usadas como elemento decorativo.
Entre outras funções, a vara serve para tocar os animais.
Algumas, em forma de moca, na extremidade, são usadas como instrumento de defesa.
Varas, aguilhadas e bengalas são feitas com paus de carvalho, marmeleiro e outros.
Tô, Xim!
Os chapéus, incluindo os de cauboi, são um importante adorno do vestuário dos homens que visitam a feira.
O tradicional boné.
Diz-me que chapéu usas, dir-te-ei quem és!
Deus nos livre de bocas abertas, da justiça de el-rei, e de maus vizinhos ao pé da porta!
Meu amigo, o burro.
Lavrador da terra transmontana!
A feira está a chegar ao fim.
Novo Django, justiceiro transmontano?
Fora do pavilhão do mercado do gado, os visitantes podiam adquirir fardas, albardas, chocalhos...
... lençois, cobertores e meias, não por 50, nem por 25 mas por 20 euros, com a oferta de um guarda-chuva, aqui para este senhor!
E que tal uma vara?
Ou uns socos?
Para o ano volta a haver feira de gado. Rendido ao espírito country, espero repetir a experiência!
Imagens
da
Feira dos Santos
Não vi os Ls Gueiteiros de La Raia, de Miranda do Douro, mas este grupo de amigos trouxe, por breves momentos, a animação à Feira dos Santos.
Chaves é ainda mais linda num dia de sol de outono.
As floreiras ficam bem e humanizam o espaço mas, numa altura em que se exigem sacrifícios aos cidadãos, para que gastar dinheiro dos impostos em luxuosos bancos de madeira, desconfortáveis e inadequados ao exíguo espaço da Rua de Santo António?
Onde param os bancos de granito colocados há poucos anos na Rua de Santo António?
Tudo a um euro!
Rua de Santo António transformada em atelier de pintor paisagista.
Sobe, sobe, balão sobe! Vai dizer àquela estrela que me deixe lá viver e sonhar!
É vê-los passar...
Sem mãos a medir.
Quentes e caras, a dúzia!
Mas ao produtor de castanhas, o intermédiário paga-as a 0,80 e 0,50 cêntimos o quilograma!
Então não sabe melhor uma fartura da Adelina a 0,80 cêntimos que um crepe insípido e sem recheio, do Brinquinho, a 3 euros, no Largo das Freiras?
Numa tarde soalheira de outono, nada melhor que terminar no jardim das caldas a visita à Feira dos Santos.